Lendo recentemente um artigo publicado por nosso irmão Jordam Godinho nesse mesmo site, passei a pesquisar e entender suas idéias a fim de tentar complementar o que ele disse.
Assim, achei conveniente definir racionalidade e pragmatismo, pois refutei de forma categórica a falácia sobre o dogmatismo, pois o dogma, não é pertinente a uma religião pautada na diversidade como é a nossa amada Umbanda.
Segue então, as duas definições:
“A racionalidade como atitude pessoal consiste na disposição de corrigir nossas idéias. Em sua forma mais desenvolvida, intelectualmente, é uma disposição de examinar nossas idéias de um espírito crítico, e a revisá-las à luz de uma discussão crítica com os outros.”
“O pragmatismo, segundo o dicionário Aurélio, é doutrina segundo a qual as idéias são instrumentos de ação, que só valem se produzem efeitos práticos. O dicionário escolar da Língua Portuguesa, organizado por Francisco da Silveira Bueno (1955), define pragmatismo como doutrina filosófica que se baseia na verdade do valor prático e ainda nos afirma que pragmática é o conjunto de regras ou fórmulas para as cerimônias da corte ou da igreja. Mesma definição nos oferece o Aurélio moderno. O dicionário brasileiro de Francisco Fernandes (1953) registra que pragmatismo é um sistema que opondo-se ao intelectualismo, considera o valor prático como critério da verdade. Pragmática é o conjunto de regras e fórmulas que regulam as cerimônias oficiais, etiqueta, praxe.”
Vemos que, infelizmente, para muitos de nossos irmãos, a principal vertente da nossa Umbanda é pautada num pragmatismo contestável, onde se faz uso abusivo de uma verdade de valor prático da religião.
Para muitos de nossos irmãos, a verdade absoluta se dá tão e somente dentro do seu terreiro, casa ou tenda, onde tudo que é praticado fora de seu âmbito prático é desprezível e pouco valor.
Porém, o pragmatismo, muitas vezes confundido com racionalidade, vê qualquer atitude racional de parte de outros irmãos, como algo pernicioso, onde o irmão que tenta entender a prática de umbanda diferente da sua, e os fundamentos adaptados à realidade de cada um, é corruptível ou mesmo desprovido de uma fundamentação firme, pois aceita qualquer coisa dentro da religião.
O fato é que estamos cada dia menos tolerante com nós mesmos, e as diferenças são vistas como invenções de pessoas de índole duvidosa.
Praticamos pouco nossa racionalidade e temos por base o que mais tememos naqueles que nos atacam, pois somos vítimas de preconceitos constantes por parte de outras religiões, mas temos o agravante de nos tratar assim.
Somos praticantes da intolerância entre nós mesmos e desperdiçamos a oportunidade de aprendermos com o diferente e discutir sobre o diferente, fazendo com que nossa racionalidade seja desprezada como água suja.
Por outro lado, acreditamos tão fielmente no pragmatismo, que impomos a nós mesmos que esquecemos que somos suscetíveis a erros, devido nossa humanidade.
Lembremos sempre que antes de julgar aos outros e colocar nosso pragmatismo em prática, devemos primeiro colocar em prática nossa racionalidade, pois é essa que deve pautar a vida de todo ser que tem um desenvolvimento intelectual mínimo.
E para complementar o pensamento de nosso irmão Jordam, apesar de ter de traçarmos caminhos espinhosos e difíceis devemos nos lembrar que somente alcançamos a real beleza e o real perfume das flores se primeiro enfrentarmos seus espinhos.
Por Jairo Pereira Jr.
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