Reencarnação
“Esse corpo eu o deixo à terra
sem dores, ressentimentos ou saudade.
Que dele se nutram outras vidas,
enquanto, no azul, aguardo o momento de retornar.
Renascerei com a beleza de um filho de Deus,
incorruptível como o sol:
pois assim fui por Ele criado
e, assim, existo na Eternidade.
Alegrem-se por mim!”
(Wanderley Machado Diniz.)
Desconhecia até pouco tempo atrás o autor do texto acima. Reencontrei-o entre papéis velhos, num dos periódicos e indispensáveis expurgos.
De onde fiz sua transcrição? Certamente de fonte sem registro; quem sabe de uma destas lembranças de “mortos” amados. De missa de sétimo dia é que não foi, pois que é especial e belamente reencarnacionista.
A par da beleza do estilo, seu autor manifesta serenidade, alegria, confiança e fé. E tem a consciência de saber-se filho muito amado por Deus.
Revela também desapego, doando o próprio corpo, para que “dele se nutram outras vidas.”
Diz “renascerei” com a certeza e a convicção de quem bem compreendeu a reencarnação e sua finalidade precípua: a evolução do ser imperecível, que existe pela Eternidade.
Fala do renascimento como quem, programando viagem à cidade vizinha, está consciente de que amanhã, às tantas horas, regressará.
Assimilou o conceito da reencarnação; não só compreendendo a Justiça de Deus, nele implícita, ensejando a cada um receber segundo suas obras; mas também pela verdade que expressa de que, no Universo, vige a Lei do Mérito; que o Criador nos oferece oportunidades para conquistarmos, com os próprios esforços e pelas múltiplas experiências, a sabedoria, a paz e a plenitude.
Admite a Lei e, porque a reconhece sábia, submete-se a ela com a alegria de quem está em boas mãos.
O Espírito que chegou a esse estágio de compreensão pode acelerar sua evolução, que passa a ser consciente e buscada com afinco. Educa a mente, realizando a reforma interior. Quita-se, a pouco e pouco, com o passado de erros, ao passo que evita novas quedas, pela vigilância que desenvolve em torno de seus pensamentos e atos. Sintoniza as inspirações generosas de Espíritos amigos, que o amam e o estimulam a conquistar o progresso espiritual.
Entende que a passagem por mundos materiais é fugaz; desapega-se das posses, servindo-se dos bens materiais com exata noção de suas finalidades, valorizando-os como meios e não como fins em si mesmos.
Vê a importância do Amor e busca desenvolvê-lo em seu coração; empenha-se para crescer intelectualmente. Amor e Conhecimento são asas para o amanhã radioso que o conduzirá, cedo ou tarde, à Evolução.
Identifica nas virtudes, sobretudo na humildade, meios de progredir. À custa de esforços constantes, a pouco e pouco, as adquire. E mesmo quando as não possui, valoriza-as e admira aqueles que as conquistaram, espelhando-se neles, para cultivá-las em seu coração.
Age sem inquietação, mas aproveita todos os instantes da vida para aprender, servir e amar.
Deslumbra-se com a Natureza – expressão do Amor de Deus, de Seu desvelo para com Suas criaturas – e curva-se, reverente, diante da grandeza de Sua obra, desenvolvendo em si o sentimento de gratidão permanente a esse Pai de Amor e Bondade.
Um desses Espíritos, Benjamin Franklin1, que viveu de 1706 a 1790, e foi “impressor, editor, líder cívico, cientista, inventor, estadista e diplomata norte-americano”, além de ser criatura generosa, pois “recusou-se a patentear suas invenções, preferindo vê-las usadas livremente como sua contribuição ao conforto e ao bem-estar de todos.”
Ressalte-se a ausência do egoísmo, expressando a grandeza de sua alma, de seu caráter ilibado.
Quando, no mundo, essa conduta contagiar os corações dos homens, a felicidade será um bem comum às criaturas deste planeta Terra! Não mais aqui os “heróis” das guerras, das espertezas; mas aqueles da Bondade, da Fraternidade, da Ciência, das Artes.
Seu gênio se revelava em todas as atividades a que se dedicava. Dentre os múltiplos talentos que cultivou, foi também impressor. Escreveu o próprio epitáfio, no qual, manifestava sincera crença na reencarnação. No dizer de Cesare Cantu2, “ao seu túmulo destinou este epitáfio de operário”:
“O corpo de Benjamin Franklin, impressor, como a capa de um livro antigo cujas folhas tenham sido arrancadas, e cujo título e douração tenham sido apagados, aqui jaz presa das traças. Nem por isso se perderá a obra que há de reaparecer, como ele previa, em nova edição revista e melhorada pelo autor”.
Nos textos citados, duas belas manifestações de crença na reencarnação; convicção que é também nossa, mas que nem sempre valorizamos como devíamos. Não damos importância aos minutos. E são eles que constituem a Eternidade.
Ficam os registros, para nosso auto-exame e a reflexão que a responsabilidade e a consciência de viver na hora presente a todos nos impõe, por conhecermos as verdades da Doutrina dos Espíritos.
Por Gebaldo José de Sousa
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