A fé que, em certos
casos, os enfermos depositam sinceramente nos seus curandeiros hirsutos e
desasseados é, justamente, o detonador psíquico que lhes desata as próprias
forças vitais latentes, desentorpece-lhes os músculos atrofiados ou renova-lhes
os tecidos enfermos, assim como a corrente elétrica ativa as funções das
células nervosas na conhecida neuroterapia dos "choques elétricos". É
desse modo que se processam as curas de Fátima, de Lourdes, e os milagres das
promessas ao Senhor do Bonfim, de Iguape, a Nossa Senhora da Penha, de
Guadalupe ou do Rocio, inclusive nos tradicionais lugares santos, imagens que
choram e as estampas que piscam ou se movem.
Assim é que, diante das estátuas, das imagens
mudas ou nos lugares santos e miraculosos, os aleijados abandonam as muletas,
os cegos vêem, os surdos tornam a ouvir e desaparecem as doenças mentais
atrozes, embora os enfermos não tomem qualquer contacto direto com criaturas
vivas. Eles alimentam em si mesmo o clima energético espiritual que os torna
hipersensíveis e dinâmicos; ou então absorvem os fluidos curadores dos
espíritos terapeutas que ali atuam em favor da saúde humana.
Aliás, a verdadeira
fonte oculta e sublime das energias curativas encontra-se na própria intimidade
espiritual da criatura, restando-lhe apenas saber mobilizar essas forças
através da vontade e da confiança incomuns para então ocorrer o sucesso
terapêutico, que posteriormente é levado à conta de admirável milagre
contrariando as próprias leis do mundo.
Em conseqüência,
desde que existem estampas, fontes de água, túmulos, imagens ou relíquias
sagradas que podem servir de estímulo à fé humana e produzir as curas incomuns,
por que, então, o curandeiro sujo e ignorante também não pode servir de alvo
para essa mesma fé despertar as energias curativas do espírito imortal?
Porventura o corpo físico, como um dos mais impressionantes reservatórios de
forças criadoras, já não é um autêntico milagre da vida?
A sua capacidade de
gerar-se e desenvolver-se no ventre materno, em seguida vir à luz do mundo,
crescer e consolidar-se como abençoado instrumento de trabalho e
aperfeiçoamento do espírito é a prova mais evidente desse milagre estupendo da
Natureza! Quer provendo-se de alimentos ou sob a ação dos medicamentos da
medicina do mundo, o organismo físico é quem realmente substitui, por outras
revitalizadas, as células exauridas, modifica os tecidos decrépitos, consolida
fraturas ósseas, cicatriza lesões e recompõe cabelos e unhas, enquanto fabrica
toda espécie de sucos, hormônios e líquidos necessários às diversas funções do
metabolismo vital.
Em sua capacidade e
inteligência instintiva e oculta, o corpo mantém a pressão, a circulação, a
temperatura ou o tônus cardíaco que se fazem necessários para mater em
equilíbrio o ser, no meio em que se manifesta. Apenas o homem fere uma falange
do seu dedo mínimo, já a sua prodigiosa maquinaria de ossos, nervos e músculos
mobiliza "cimento, cola", minerais e antissépticos carreando-os para
o local acidentado, a fim de evitar a hemorragia fatal ou debelar a infecção
perigosa.
Nos primeiros meses
de vida, a criança é alimentada preferencialmente com leite materno ou leite
artificial em pó; mas, para espanto dos observadores, em troca desse líquido de
cor branca e inodoro, miraculosamente, ela produz cabelos louros, ruivos ou
pretos; o sangue vermelho, a bílis esverdeada, os olhos azuis, marrons, verdes
ou negros; as unhas rosadas, a pele amorenada, preta ou branca; a carne, os ossos,
os nervos, os dentes! Sem dúvida não é a substância alimentícia do leite,
propriamente dita, o que permite tal milagre, mas é a energia atômica, a força
nuclear as moléculas e dos átomos que a compõem, os recursos de que o organismo
da criança lança mão e com eles constrói o seu edifício celular e vivo.
Na intimidade do
homem, portanto, a sabedoria divina opera mobilizando todas as forças ocultas
da vida superior e materializando à luz do mundo planetário o espírito lançado
na corrente evolutiva da angelitude!
Ramatís
- do livro MEDIUNDADE DE CURA
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