Os preceitos aqui reunidos constituem uma parte da herança espiritual de
Mahatma Gandhi. O seu ensinamento inspirado nas fontes mais antigas da Índia
mantém o seu poder absolutamente actual. O seu pensamento impregnou-se de
grande tolerância para com todas as religiões respeitando todos os seres vivos
e, empenhou-se na igualdade de direitos com a máxima da
"não-violência" da antiga tradição religiosa Jaina, com a qual se
identificava. Através do seu próprio exemplo de renúncia, tornou-se num
expoente de vontade e de moral, para além de reformador social que levaram à
independência da Índia.
A propósito da cooperação:
“O bem viaja a passo de caracol. Aqueles que querem fazer o bem não são
egoístas, não têm pressa, sabem que para impregnar as pessoas com o bem é
necessário muito tempo.”
A propósito da não-violência:
“A força da não-violência é infinitamente mais maravilhosa e subtil do
que as forças da natureza, tais como a electricidade.
A força gerada pela não-violência é infinitamente superior à força de
todas as armas inventadas pela ingenuidade do Homem.
A força dos números faz as delícias do tímido, mas o espírito corajoso
regozija-se em lutar sozinho.
A não-violência só será bem-sucedida se se tiver uma verdadeira fé em
Deus.
A não-violência implica submissão voluntária ao castigo pela
não-cooperação com o mal.
Não sou um visionário. Declaro-me um idealista prático. A religião da
não-violência não está apenas pensada para os rishis e para os santos. Também
está pensada para as pessoas comuns. A não-violência é a lei da nossa espécie,
tal como a violência é a lei dos animais. Nos animais, o espírito mantém-se
adormecido e desconhece outra lei que não a da força física. A dignidade do
Homem exige obediência a uma lei superior, a da força do espírito.”
A propósito da Fé e de Deus:
“Gandhi buscava Deus, não a ortodoxia. As suas orações diárias
misturavam venerações tradicionais hindus com cantos budistas, as leituras do Corão,
um ou dois versos zoroástricos e o hino cristão «Guia-me, doce luz». Esse
ecletismo reflectia a sua grande tolerância para com todas as religiões, um dos
seus mais sagrados (e menos respeitados) preceitos. «A Verdade», defendi, «é
Deus», mas nunca conseguiu convencer disso as seitas religiosas da Índia. Os
seus mentores espirituais foram igualmente amplos: Jesus, Buda, Sócrates, a sua
mãe. (…)
Todos esses credos uniram-se nos dois princípios que governaram a sua vida
pública: o que denominou a satyagraha, a força da verdade e do amor, e o antigo
ideal hindu do ahimsa, ou a não-violência de todas as coisas vivas.
“A fé é uma função do coração. A razão deve reforçá-la. Não são
elementos antagônicos, como alguns pensam. Quanto mais intensa for a fé de uma
pessoa, mais estimulará a sua razão. Quando a fé se torna cega, morre.”
“As religiões são caminhos distintos que convergem para o mesmo ponto.
Que importância tem que tomemos caminhos diferentes se alcançarmos o mesmo objetivo?”
“Rezar não é pedir. É uma ânsia da alma. É o reconhecimento diário das nossas
debilidades…Na oração é melhor ter um coração sem palavras do que palavras sem
coração.”
“A oração é a chave da manhã e o ferrolho da noite.”
“Se nos encarregarmos do dia de hoje, Deus encarregar-se-á do dia de
amanhã.”
“A verdade é que Deus é a força. É a essência da vida. É a consciência
pura e imaculada. É eterno.”
“Deus responde à oração á sua maneira, não à nossa.”
“Um homem de fé não exige nem negocia com Deus.”
“Só Deus é imortal, imperecível.”
“Deus é a soma de tudo o que vive. Talvez não sejamos Deus, mas somos
para Deus o que uma pequena gota é para o oceano.”
Qual é o valor da fé se não se traduz em ação?”
“Acaba o dia com uma oração para teres uma noite tranquila, sem sonhos e
pesadelos.”
“Quando admiro a maravilha do pôr-do-sol ou a beleza da Lua, a minha
alma dilata-se e venera o Criador.”
“O homem que se ancora em Deus deixa de temer o homem.”
“A Verdade é o Fim e o Amor é o Caminho. A Verdade é Deus e Deus é a
Verdade.”
“Creio em Deus, não só como teoria, mas também como um fato mais real do
que a própria vida.”
A propósito da Paz:
“Não quero desenvolver uma irmandade ou identidade apenas com os seres
ditos humanos, mas também quero desenvolvê-la com toda a vida, inclusive com os
seres que se arrastam pela terra.”
“Acredito que todas as criaturas de Deus têm tanto direito à vida quanto
nós.”
“Se os homens eruditos tivessem consagrado os seus dons a descobrir
formas de lidar com as criaturas em lugar de ordenarem a sua matança como uma
obrigação, estaríamos a viver num mundo adequado á nossa condição de homens:
animais dotados com a razão e a capacidade de eleger entre o bem e o mal, o
certo e o errado, a violência e a não-violência, a verdade e a falsidade.”
“(…). Aquilo que o Homem sabe é que a única origem do mal é o mal, assim
como a do bem é o bem.”
“(…) se nos dermos conta de que, apesar da aparente supremacia da
violência, é a força moral quem governa o universo, deveríamos treinar-nos para
a não-violência com fé absoluta nas suas possibilidades ilimitadas.”
“Assim que o espírito da exploração desaparecer, os exércitos serão
sentidos como uma carga positivamente insuportável. O verdadeiro desarmamento
não se concretizará, a menos que as nações do mundo cessem de se explorar umas
às outras.”
“Passará muito tempo até que a lei do amor seja reconhecida nos assuntos
internos. As maquinarias dos governos interpõem-se e escondem os corações do
povo atrás de si.”
“Aquilo que a melhor mente do mundo deseja hoje não é que os Estados
absolutamente independentes lutem uns contra os outros, mas uma federação
amigável de Estados interdependentes.”
“A interdependência é e deveria ser para o homem um ideal equiparável á
auto-suficiência: o homem é um ser social. Sem a inter-relação com a sociedade
não pode concretizar a sua identidade com o universo nem suprimir o seu
egotismo.”
“É impossível ser internacionalista sem ser nacionalista. O
internacionalismo só é possível quando o nacionalismo se converte num fato, por
exemplo, quando as pessoas pertencentes a diferentes países se organizam entre
si e são capazes de agir como um só homem.”
“Pensa globalmente, atua localmente. Sê a mudança que queres ver no
mundo.”
“O progresso espiritual há de exigir que num dado momento, cessemos de
matar toda a criatura para satisfação das nossas necessidades (o mundo dos
sentidos, dos desejos inferiores).”
“O caminho para a paz é o caminho para a verdade. A verdade é
inclusivamente mais importante do que a paz. De fato, a mentira é a mãe da
violência. Um homem sincero não pode ser violento durante muito tempo. Durante
a sua busca perceberá que não tem necessidade de ser violento e descobrirá,
para além do mais, que enquanto houver nele o menor rasto de violência, não
encontrará a verdade na sua busca.”
A propósito da não-violência:
“Não sou um visionário. Declaro-me um idealista prático. A religião da
não-violência não está apenas pensada para os rishis e para os santos. Também
está pensada para as pessoas comuns. A não-violência é a lei da nossa espécie,
tal como a violência é a lei dos animais. Nos animais, os espírito mantém-se
adormecido e desconhece outra lei que não a da força física. A dignidade do
Homem exige obediência a uma lei superior, a da força do espírito.”
“A força dos números faz as delícias do tímido, mas o espírito corajoso regozija-se
em lutar sozinho.”
“A força da não-violência é infinitamente mais maravilhosa e subtil do
que as forças da natureza, tais como a eletricidade.”
“A força gerada pela não-violência é infinitamente superior à força de
todas as armas inventadas pela ingenuidade do Homem.”
A propósito da cooperação:
“A democracia, disciplinada e informada, é a melhor coisa do mundo.”
“No meu conceito de democracia, os mais fracos deveriam ter as mesmas
oportunidades que os mais fortes.”
“O espírito da democracia não é uma coisa mecânica que se possa adaptar
mediante a abolição das formas. Requer uma mudança do coração.”
“Na minha humilde opinião, a não-cooperação com o mal é tão obrigatória
quanto a cooperação com o bem.”
A propósito da vida diária:
“A força não provém das capacidades físicas, mas de uma vontade
indomável.”
“Aprendi a lição suprema através da amargura da experiência: a conservar
a minha ira e, tal como o calor acumulado se transforma em energia, a ira
controlada pode converter-se numa força capaz de mover o mundo.
“A alegria reside na luta, no esforço, no sofrimento implícito, não na
vitória em si.”
“O Homem deve escolher um de dois caminhos, o ascendente ou o
descendente; mas como tem a brutalidade dentro de si, optará mais facilmente
pelo caminho descendente em lugar do ascendente, sobretudo quando o descendente
se lhe apresentar com um aspecto fantástico. O Homem rende-se facilmente quando
o pecado se veste de virtude.”
“A vida é maior do que toda a arte. Iria ainda mais longe e diria que o
homem cuja vida se aproxima da perfeição é o maior dos artistas; pois para que
serve a arte sem os pilares seguros de uma vida nobre?”
“Esquecermo-nos de como cavar a terra e do como cuidar do solo é esquecermo-nos
de nós próprios.”
“A música da vida corre o risco de se perder na música da voz.”
“Para o verdadeiro artista, o único rosto belo é aquele que, deixando de
lado o seu exterior, brilha com a verdade existente no interior da sua alma.”
“O nascimento e a morte não são estados distintos, mas aspectos
distintos do mesmo estado.”
“O verdadeiro conhecimento proporciona uma posição moral e força moral.”
“Tanto a liberdade individual como a interdependência são essenciais
para se viver em sociedade.”
“Perder a individualidade e converter-se em mais uma peça do mecanismo
está abaixo da dignidade humana.”
“O único tirano que aceitarei neste mundo é a «pequena voz silenciosa»
do interior.”
“O amor é uma erva rara que transforma em amigo um inimigo implacável, e
essa erva floresce entre a não-violência.”
“É entre as crianças que melhor se pode compreender e aprender a lei do
amor.”
“Considero-me incapaz de odiar qualquer ser à face da terra. Através de
um longo caminho de disciplina e oração, deixei há já 40 anos de odiar quem
quer que seja. Sei que é uma afirmação grandiosa. No entanto, faço-a com toda a
humildade.”
“A ação é o meu domínio. O que importa não é o que eu digo, mas aquilo
que faço.”
Excertos retirados do livro “A Sabedoria de Gandhi”,
de Sir Richard Attenborough.
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