O tema pode parecer contraditório, pois por definição, fé ou crença é aquilo em que se acredita, enquanto, em contrapartida, a racionalidade é algo pensado, deduzido da razão.
Apesar de toda contrariedade das duas palavras, a fé racional norteia os fundamentos de religiões como a Umbanda ou de doutrinas como o Espiritismo.
Umbandistas e Espíritas acreditam que a fé não deve ser constituída de uma necessidade sem que haja uma razão para tal. É como se pelo fato de não poder ver é que não se acredita, ora, pois, não vemos o ar e ele é tão necessário para nossa vida como nossa fé o é.
Nossa fé está pautada na existência de um Deus, e isso é ponto comum a todas a religiões, porém a racionalidade que nos guia, é movida pelo sentimento de que ser racional é não estar constituído de dogmas (algo indiscutível), de coisas irracionais (que não tem explicação), e que toda criação divina está diretamente ligada ao Criador.
Assim, a fé que nos move, move também a nossa racionalidade, pois ser racional é deduzir pela razão, é discutir através de um espírito crítico à luz de uma discussão com outros sobre as mudanças de nossas idéias.
Hoje, no mundo, somos quase 7 bilhões de pessoas, com hábitos diferentes, costumes diferentes, culturas diferentes, cores diferentes e por conseqüência religiões diferentes.
Nossa religião, não deve ser considerada melhor que outras, pois nossa fé também não é, da mesma forma que nossa religião não deve ser considerada pior que as outras, pois nossa fé também não é.
A prática religiosa que temos pode ser diferente, porém nem melhor nem pior, é simplesmente pautada numa racionalidade que em via de regra deve ser respeitada como tal, e respeitar as demais religiões como estas são.
Nossa busca pela fé racional, deve ser de simplesmente observar, questionar, ponderar e vigiar, para que não sejamos objeto de pessoas mal intencionadas nem tão pouco de um fundamentalismo exacerbado.
Somos praticantes de uma religião que deve manter seu vinculo restrito entre fé e razão, pois, não temos dogmas, somos capazes de explicar e temos consciência de nossa divindade, pois somos ligados ao criador.
Por outro lado, se você insistir em argumentar que a Umbanda é uma religião dos mistérios, eu argumentarei que mesmo os mistérios da Umbanda podem não ser de conhecimento nosso, mas que existe um certo racionalismo, uma certa lógica ou uma certa coerência nestes mistérios.
Assim, peço aos irmãos que ao lerem este artigo, pratiquem sua fé dentro de uma razão, de uma coerência e dentro de uma lógica, pois, somente com este procedimento teremos como buscar uma fé racional, pautada no conhecimento, na coerência de raciocínio e de idéias, no respeito ao próximo, afastando dela os enganadores, os de índole duvidosa, os fundamentalista e principalmente aqueles que abusam da “cega” fé alheia.
Por Jairo Pereira Jr.
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