Não nos apoquentemos com o fato de que não serão todos espíritas no sentido formal da palavra.
Preocupemo-nos em trabalhar para que a Humanidade seja espírita, no sentido da vivência cristã, sem que no sentido exterior o seja.
Porque o verdadeiro espírita será sempre o cristão verdadeiro, “pois que um o mesmo é que outro”.
Reproduzindo a colocação de Allan Kardec, “o Espiritismo não institui nenhuma nova moral; apenas facilita aos homens a inteligência e a prática da do Cristo, facultando fé inabalável e esclarecida aos que duvidam ou vacilam”.
Nosso maior desafio é a efetivação da nova sociedade, em que os valores morais e os sentimentos nobres sejam a busca constante da maioria das criaturas, independentemente de rótulos ou de ideologias exteriores.
A preocupação de muitos companheiros e companheiras em indagar se o Espiritismo será a doutrina abraçada pela maior parte de homens e mulheres denota uma preocupação da qual devemos nos despir, que é a generalização de padrões de comportamento. Não importa as naturais variações de gostos, de desejos, de rótulos que as pessoas adotem; o mais importante é que aprendamos a nos respeitar, compreender e acima de tudo, amar aos semelhantes.
A diversidade é uma das regras naturais da vida. Deus cria incessantemente, usando da diversidade para demonstrar que a individualidade é atributo inerente a cada ser.
Preocupemo-nos em refletir, através de nosso comportamento, o que significa ser espírita.
Ser espírita é:
-- estabelecer a fraternidade como regra de convivência com nosso semelhante, independentemente de seus conceitos acerca da vida;
-- perdoar as pessoas cujas faltas nos atinjam, mesmo que utilizemos dos mecanismos sociais para sermos reparados. O fato de buscar o reconhecimento de nossos direitos não significa que estejamos odiando nosso próximo, bem como perdoá-lo não se expressa em abdicar de lutar por esses mesmos direitos;
-- sermos indulgentes para com as atitudes de outrem, que mesmo não nos atingindo diretamente, incomodam-nos. Aqui aprendemos a respeitar as minorias, as diversas “tribos” e o modo particular de cada um se comportar, mesmo discordando de tais procederes;
-- manter a gentileza como regra usual de comportamento no trato alheio;
-- não devolver as ofensas recebidas com igual conduta, aprendendo a relevar e a buscar responder dentro de um princípio de civilidade e equilíbrio;
-- comportar-se no trânsito com urbanidade e bom senso, sem disputar uma guerra com os demais motoristas, mesmo que estes demonstrem extrema imperícia;
-- respeitar e proteger a Natureza, contribuindo para a conservação de espécies e não agredindo o meio ambiente;
-- investir na sublimação de nossas relações afetivas, valorizando nossas afeições e reduzindo nossa tendência ao egocentrismo;
-- pensar mais no bem-estar das pessoas que gostamos do que em nosso próprio bem-estar;
-- cultivar amizades, colocando-nos à disposição para colaborar para com o sucesso e conforto de nossos amigos;
-- auxiliar aos irmãos do caminho, com boa vontade e alegria cristã;
-- cumprir com fidelidade nosso papel de pais, mães, cônjuges, filhos, irmãos, trabalhando incessantemente pela vitória da vida doméstica;
-- fazer mais que pedir, ouvir mais que falar, perdoar mais do que ser perdoado, e servir mais do que ser servido;
-- não desperdiçar recursos naturais, nem alimentos;
-- participar da vida da comunidade, dando contribuições importantes para a solução dos problemas da coletividade;
-- atuar em nossa profissão com absoluta honestidade, honradez, ética e sinceridade;
-- usar de nossos talentos individuais para colaborar com que a vida seja melhor para todos;
-- trabalhar por amor ao trabalho, não colocando o ganho material em primeiro lugar, mas a utilidade de nosso labor;
-- valorizar mais o ser do que o ter;
-- respeitar a crença alheia, mesmo comungando de ideais diferentes;
-- ser um indivíduo que se transforme em foco irradiador de paz, harmonia social, constituindo-se em exemplo de cidadania e respeito.
Poderíamos relacionar dezenas de itens, mas o mais essencial é que compreendamos que tais atitudes independem de rótulos exteriores.
Mesmo que envergando títulos diversos, quando os homens e mulheres adotam um comportamento digno e superior diante a vida e os semelhantes, estão sendo espíritas “de alma” e cristãos autênticos, pois o que caracteriza o verdadeiro espírita é ser o verdadeiro homem de bem, ainda que “por fora” envergue o título de ateu. Pois acima de tudo, ser essencialmente espírita é AMAR a Deus, AMAR ao próximo, AMAR a vida, AMAR a tudo e todos.
Deste modo, sim, podemos dizer que um dia todos seremos espíritas!
Fonte: LIVRO: ANUÁRIO ESPÍRITA
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