Não pense que ao ler esse artigo você saberá mais sobre a letra da música da qual empresto o tema.
Nem tão pouco sobre a vida do famoso cantor que a gravou.
O motivo pelo qual escrevo este ensaio nada mais é que uma das questões que me faço e venho me fazendo por muitos anos.
Por qual o motivo religiões e religiosos perseguem-se uns aos outros?
A resposta que me vem à cabeça é tão e somente por culpa do ser humano e não das religiões, e nem mesmo dos religiosos.
Devemos lembrar que antes de sermos religiosos somos seres humanos, passíveis de erros, de virtudes, e de vícios. Pois é, caro leitor de vícios, o ser humano adquiriu um vício de perseguir e pré julgar tudo que para ele é desconhecido. São poucas as cabeças que tem a possibilidade de tentar conhecer o desconhecido, analisar com retidão o que lhe é mostrado e simplesmente depois filtrar o que é bom e o que é ruim. È muito mais fácil pré julgar.
Lembremos ainda que as religiões cumprem seu papel, independente de qual seja, que é aproximar o homem de Deus. E assim, sendo, toda religião nada mais é que um grupo de homens que partilham da mesma fé.
Hoje irmãos umbandista, somos as caças, o que nos coloca num papel de resguardo, pois somos alvos de criticas diárias de todos os campos sociais, seja da imprensa, da mídia em geral, da sociedade civil ou da política.
Aparecemos diversas vezes ao dia sendo achincalhados e expurgados como um pus social que deve ser eliminado para que a ferida sare. Na TV e em outros meios de comunicação isso acontece diariamente e ao menos nos dão direito de resposta.
Ser umbandista ou candomblecista é uma tarefa de amor, fé e auto-afirmação, pois somos motivo de piada, chacota e expostos ao ridículo diariamente.
Hoje somos perseguidos, como disse anteriormente, somos as caças principalmente dos neo-pentecostais, aqueles mesmo que um dia foram as caças dos protestantes, devido suas inovações litúrgicas.
Os protestantes que aqui falo, são aqueles que ainda há pouco tempo também foram às caças da igreja católica, que lhes negava os direitos às reformas que esses exigiam.
A mesma igreja católica que foi perseguida por romanos e judeus pelo simples fato de ser cristã. A mesma igreja católica que colocou milhares de judeus e membros de outras religiões (mulçumanos, Wicca, ciganos e etc.) nas fogueiras da santa inquisição que de santa tinha somente o nome. Era a famosa caça às bruxas.
Mas para que você entenda melhor o sentido de ser a caça ou ser o caçador, depende tão e somente de que do lado do poder você está. Por exemplo, quando o cristianismo surgiu o poder dominante era Roma, que perseguiu e matou, segundo a Bíblia, o Cristo. A igreja mais forte que sucedeu o cristianismo foi à igreja católica que na santa inquisição perseguiu e matou milhões de judeus na santa inquisição, e que ficou calada no holocausto promovido pelos nazistas. Porém, na Irlanda do Norte, os católicos, que são minoria, são perseguidos pelos protestantes, que são a maioria.
No Brasil, com a proliferação de igrejas neo-pentecostais, que passaram a ser maioria, criou-se o vício de perseguir umbandistas e candomblecistas, que se tornaram minoria.
Minoria não talvez pelo número de pessoas que freqüentam terreiros e tendas diária ou semanalmente, mas minoria pelo fato de não se declarar publicamente quanto a sua religião.
Hoje pagamos o preço da omissão.
Perceba caro irmão leitor que aqui não quero defender a luta armada, tão pouco um revide extremo, e sim somente mostrar que nossa liberdade constitucional de professarmos livremente nossa religião está sendo tolhida sem que nos manifestemos.
Acredito que nossa manifestação deva ser somente no sentido de aproximação desses irmãos confusos e pouco esclarecidos da nossa religião. E externar a nossa real intenção de caridade e de amor ao próximo.
Devemos também ser vigilantes, no sentido de que se algum dia chegarmos ao poder, que hoje é dado a outros, não façamos o mesmo que outros fizeram, passar da condição de caça para a condição de caçador, de perseguidos para perseguidores e de intolerável para intolerante.
Por Jairo Pereira Jr.
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