Sabemos que os “espíritos”, já adaptados ao mundo espiritual, conhecedores de alguns dos mistérios que a mente pode acessar através de suas faculdades despertas, conseguem plasmar aparências para seus corpos espirituais e roupas para cobri-los.
Baseado neste conceito simples se assenta um dos mistérios que envolvem as hierarquias e falanges do astral, onde se inclui as linhas de trabalho da Umbanda . Conhecemos linhas de trabalho onde existem milhares e milhares de entidades que usam o mesmo nome e mesma aparência, por exemplo: Caboclo Pena Branca . São muitos que incorporam ao mesmo tempo em vários médiuns, respondendo pelo mesmo “Mistério” (no caso o Mistério Pena Branca), que é chefiado por um hierarca que deu inicio a esta falange, os demais assumem a forma plasmada deste, e por afinidade tem um trabalho parecido de uns com os outros.
Conseguem manter uma comunicação ativa entre os membros da hierarquia, enquanto em trabalho, onde aqueles que estão “acima” tem consciência do trabalho dos que se encontram “abaixo”, em hierarquia, o que garante a responsabilidade da entidade assentada no topo, que é o “dono do nome”, de suster o trabalho dos demais e dá a eles o direito de se apresentarem como tal, pelo nome do “mistério”.
Existem casos de espíritos mal intencionados no astral que tentam se passar por entidades de Lei atuantes na Umbanda , o que é considerado como uma transgressão, e que é dado a devida corrigenda , vejamos dois exemplos citados no livro “As Sete Linhas de Umbanda” de Rubens Saraceni , pg.161:
Caso Nº1 : Certa vez, um espirito zombeteiro baixou numa reunião espirita familiar e apresentou-se como sendo um “nego”, um preto-velho da linha dos João do Cruzeiro. Memorizou a forma plasmada e as vestimentas simbólicas do preto-velho, e logo que pode, “baixou” na reunião e se apresentou como Pai João do Cruzeiro. O espirito em questão não passava de um arrivista inconseqüente, que tendo sido afastado de um consulente em uma tenda de Umbanda por um Pai João do Cruzeiro, memorizou sua forma plasmada e vestimentas simbólicas, e logo que pode “baixou” na reunião e se apresentou como sendo o preto-velho. O mentor da filha que dirigia o trabalho nada obstou ao pretenso “nego”, que cativou a atenção de todos os encarnados com a sua “humilde “ eloqüência africana. Mas após o encerramento da reunião, o mentor comunicou-se com a hierarquia dos Pai João do Cruzeiro sobre o procedimento incomum de um de seus membros. O caso despertou a curiosidade do próprio hierarca Pai João do Cruzeiro, que na reunião seguinte, ocultado numa aparência “comum”, assistiu mais uma manifestação do impostor, e o identificou como um zombeteiro muito bem disfarçado, que pitou tomou café e até... saboreou um saboroso bolo que a filha havia lhe feito, atendendo a um pedido seu da semana anterior. O hierarca Pai João do Cruzeiro permaneceu ali até o final da reunião. Quando o então todo satisfeito zombeteiro desincorporou, ele o abordou saudando-o reverentemente. Quando o falso Pai João abaixou-se “recurvado” para responder a saudação, algo aconteceu e, sua “espinha”, deixando-o curvado e sem conseguir voltar a posição ereta. Por muitos anos, o zombeteiro andou curvado e com a cabeça encostada no solo, pois o hierarca Pai João do Cruzeiro também tirou dele a possibilidade de voltar. Justo castigo a um zombeteiro plasmado de nego, e coberto com uma vestimenta caracterizadora da hierarquia de ação e trabalhos espirituais cujo nome simbólico é “Pai João do Cruzeiro”.
Caso Nº2 : “Andava” por aí, baixando em trabalhos de descarga ( descarregos ), um certo “Exu Sete Porteiras”, que exigia despachos generosos para desmanchar trabalhos a ele encomendados. E não satisfeito, ainda criva confusões em engiras de esquerda, sempre ostentando a veste de Exu Sete Porteiras. O falso Sete Porteiras era astuto e chegou a ferir um médium que o transportara. Isto despertou a atenção do Exu Guardião do médium, pois num trabalho de descarga tal procedimento é inadmissível! Normalmente o Exu vem, desmancha o trabalho feito e se retira ordeiramente pois sabe que se ultrapassar certos limites, pagará um preço “dolorido”. Após a reação do Exu Guardião do médium, o Senhor Exu Sete Porteiras ficou alerta e ativou seu mistério para aprisionar o impostor assim que baixasse em alguma sessão de descarrego. Logo o mistério Sete Porteiras, capturou o falso exú , que outro não era senão um poderosíssimo “grande das trevas” que havia sido afastado do plano matéria-espirito por um dos exus de lei do mistério Sete Porteiras. Era pura vingança, e para concretiza-la nada melhor que desarmonizar toda uma hierarquia, pensara o tal “grande das trevas”. Acorrentado, foi conduzido a todos os centros onde causara desarmonias. Depois de ter esclarecido tudo, algo contundente e cortante atingiu-o no metal, reduzindo-o a um ovóide, e em sua dor final ele foi lançado. Justa punição a um “caído” que ousou assumir a forma plasmada dos Exus Sete Porteiras, e cobrir-se com suas vestes simbólicas. Esses dois casos são exemplos do que costuma acontecer com espíritos que ousam assumir as formas plasmadas alheias ou cobrir-se com vestes simbólicas das hierarquias de ação e trabalhos espirituais identificadoras das hierarquias assentadas do Ritual de Umbanda Sagrada.
Matéria extraída do JUS – JORNAL DE UMBANDA SAGRADA
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