Dentro de uma linda gaiola vivia um passarinho, que tinha uma vida
segura e tranquila. Era monótona, é verdade, mas a monotonia é o preço que se
paga pela segurança.
Nos limites de uma gaiola, os sonhos aparecem, mas logo morrem, por não
haver espaço para baterem asas. Só fica um grande buraco na alma, que cada um
enche como pode.
Assim, restava ao passarinho ficar pulando de um poleiro para outro,
comer, beber, dormir e cantar. O seu canto era o aluguel que pagava ao seu dono
pelo gozo da segurança da gaiola.
Do seu pequeno espaço ele olhava os bem-te-vis, atrás dos bichinhos; os
beija-flores, com seu mágico bater de asas; as rolinhas, arrulhando, fazendo
amor; as pombas, voando como flechas. Ah! Ele queria ser como os outros
pássaros, livres… Ah! Se aquela porta se abrisse…
Pois não é que, para sua surpresa, naquele dia o seu dono a esqueceu
aberta? Agora ele poderia agora realizar todos os seus sonhos. Estava livre,
livre, livre!
Ele saiu e voou para o galho mais próximo. Olhou para baixo e pensou:
“Puxa! Como é alto! O chão da gaiola fica bem mais perto”. Sentiu um pouco de
tontura. Teve medo de cair, e agachou-se no galho, para ter mais firmeza. Viu
outra árvore mais distante, teve vontade de ir até lá, mas não estava seguro de
que suas asas aguentariam, e agarrou-se ao galho mais firmemente ainda.
- Hei você! – era uma passarinha – Vamos voar juntos até aquela
pimenteira? Ela está carregadinha de pimentas vermelhas e deliciosas. É preciso
apenas prestar atenção no gato, que anda por lá…
Ele ficou todo arrepiado só de ouvir o nome gato, e disse para a
passarinha que não gostava de pimentas. A passarinha então procurou outro
companheiro, já que ele decidiu continuar com fome.
Chegou o fim da tarde e a noite se aproximava. Onde iria dormir?
Lembrou-se do prego amigo, na parede da cozinha, onde a sua gaiola ficava
dependurada. Teve saudades dele.
Teria de dormir num galho de árvore, sem proteção? Gatos sobem em
árvores? Eles enxergam no escuro? Tinha também que pensar nos meninos com seus
estilingues, no dia seguinte.
Ele nunca imaginara que a liberdade fosse tão complicada. Teve saudades
da gaiola, e voltou. Felizmente a porta ainda estava aberta. Em seguida chegou
o dono, e percebendo a porta aberta, imediatamente a fechou e disse:
“Passarinho bobo! Passarinho de verdade gosta mesmo é de voar!”.
Mas o passarinho preferiu voltar para sua “vidinha” tranquila e segura…
(Adaptado por Marco Fabossi do Texto de Rubem Alves)
“De vez em quando é preciso subir num galho
perigoso, porque é lá que estão as frutas” Will Rogers.
A Zona de Conforto se parece muito com uma
gaiola: calma, segura, previsível, tranquila, mas também limitada, chata e
monótona. Mas apesar de serem parecidas, existe uma diferença fundamental entre
elas: a porta de uma gaiola fica fechada, enquanto as portas da Zona de
Conforto permanecem o tempo todo abertas, esperando apenas que as pessoas
decidam deixá-la.
É importante lembrar que não existe evolução
sem mudança, e que mudanças só acontecem fora da gaiola ou da Zona de Conforto,
num lugar chamado Zona de Aprendizagem, onde as coisas realmente acontecem. Um
lugar onde acertamos, erramos, aprendemos, nos desenvolvemos, enfim, um lugar
onde estão as verdadeiras oportunidades que nos fazem crescer pessoal e
profissionalmente.
Experimente, tente algo novo, dê mais um
passo, não permita que o conforto, a tranquilidade, e até mesmo o medo o(a)
impeçam de realizar seus sonhos e projetos.
Voe!
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