Na Grécia Antiga,
filósofos de diversas escolas se reuniam para debater sobre vários temas de
grande interesse à pluralidade dos mundos. Um dos mais famosos debates é o
Debate de Delfos, onde Aristóteles com seus discípulos Popicas, Joboxus e
outros membros do Liceu do templo de Apolo e filósofos de toda a Grécia, Éfeso,
no oeste, a Siracusa do atual sul da Itália se encontravam diante do oráculo.
Filósofos da escola
pitágorica iam debater com aqueles da escola atomista e com Platão e seus
discípulos, para deleite de seus presentes. Todas essas vozes fluiriam da mesma
fonte, o incrível oráculo, o único capaz de entrar e sair livremente do mundo
dos espíritos através dos poderes de Tália que recriariam duzentos anos de
sabedoria.
No altar qual o
oráculo oficiaria a cerimônia, estátuas de deuses adornavam o centro, coberto
de frutas e flores e a belíssima Tália com seus cabelos pretos como ébano, e a
pele, de um branco quase transparente, parecia ser feita de matéria diferente
dos restos dos mortais. De seu pescoço pendia um enorme rubi que brilhava sobre
túnica branca, supostamente a chave para outro mundo.
Sentada sobre a pedra
de Aegospotami (A pedra de Aegospotami, que caiu dos céus há cerca de 113 anos
(467 a.c)), Tália diante da platéia, trazia a face transformada, e em seus
olhos brilhava uma luz que não tinha nada de humano. Ela não era a mais bela
Tália, mas o sucessor de Tales, Anaximandro, que viveu cerca há de duzentos
anos (550 a.c).
Depois de debaterem sobre o que Anaximandro dizia Tália voltava a pedra, e
novamente recebia um outro filosofo da antiguidade, entre eles Anaxoras de
Clazômenas, Demócrito o grande filosofo atomista, Platão, Sócrates etc.
Hoje, através do
espiritismo também temos o deleite de estarmos presentes com entidades que com
suas sabedorias, vem até nós pelos chamados médiuns para ensinar e mostrar-nos
que existe vida ápos a morte. Seja no chamado Kardecismo, crença baseada na
milenar doutrina hinduísta da transmigração das almas, e que se apóia em dois
pilares básicos: a concepção hinduísta do Karma e a possibilidade concreta de
comunicação com os mortos. O Kardecismo também é conhecido como
"espiritismo de mesa branca", ou mesmo “alto espiritismo”.
Também temos o
Candomblé que é uma religião mágica e ritual, o que se busca a interferência
concreta do sobrenatural “neste mundo” presente, mediante a manipulação de
forças sagradas, a invocação das potências divinas e os sacrifícios oferecidos
às diferentes divindades, os chamados orixás.
E a Umbanda, “Aquele
que caminha no meio”, tem suas origens negras, porém a umbanda pode ser chamada
de religião brasileira por excelência e pelo fato de ser uma resultante de um
encontro histórico único, que só se deu no Brasil: o encontro cultural de
diversas crenças e tradições religiosas africanas com formas populares de
catolicismo, mais o sincretismo hindu-cristão trazido pelo espiritismo
kardecista de origem européia. Entre ser uma religião ética, preocupada com a
regulamentação moral da conduta (Kardec), e ser uma religião estritamente
ritual, voltada para a manipulação mágica do mundo (Candomblé), a umbanda escolheu
o caminho do meio.
Diante destas
ramificações do espiritismo, dificilmente no meio magiko, não se conhece alguém
que não tenha conhecido ou vivenciado e até continua seguindo uma destas
religiões. O magnífico mundo da mediunidade reflete o fato de que não estamos
sozinhos e de que alguma forma alguém se preocupa conosco, guiando-nos com seus
mestres espirituais e ajudando no caminho da evolução espiritual, mesmo na vida
carnal como depois da morte.
Mas nem tudo é um mar
de rosas, o médium deve estar bem preparado quanto aos perigos que o espreitam
ao se embrenhar no mundo dos espíritos. Infelizmente pessoas atraídas pelo
fascínio da espiritualidade acabam se tornando alvos de seres maléficos que se
aproveitam da ignorância para vampirizar ou usa-los como objeto de seus desejos
profanos.
Além disso, há o
animismo mediúnico que aflora como uma doença no meio mediúnico. Com a
incorporação de si mesmo, sem ao menos se dar conta disso ou estar em apenas na
chamada barra – vento, pode-se transmitir as pessoas desconfianças que geram
intrigas e discórdias. Quando se conhece o seu estado de letargia mediúnica e
insiste nisso acaba gerando o charlatanismo intencional ou não.
Para se ter uma idéia
dos perigos é necessário ter a consciência que há coisas que são apenas
compreendidas na luz e é apenas na luz que elas devem ser compreendidas, assim
elas são totalmente incompreensíveis nas trevas, assim como há coisas nas
trevas que somente podem ser compreendidas nas trevas e são incompreensíveis na
luz.
Por esse motivo na
tentativa de se praticar a caridade, ao achar que esta fazendo o bem para
alguém se pode estar na verdade fazendo o mal para si próprio ou para este
alguém. É como benzer uma criança com desequilíbrio energético e por ignorância
e despreparo transmitir a ela um pouco de sua energia interior sendo alvo da
prática do vampirismo incondicional.
A diferença de um
médium que conhece a magia e preparado é que ao enveredar no mundo dos
espíritos procura-se conhecer, experimentar e descobrir usando conhecimentos
literalmente aprendidos dentro de seu ritual por um mestre ou zelador de santo
confiável. As armadilhas são intensas, ao tentar fazer o bem para uma pessoa
pode-se ganhar muitos inimigos, adquirir Karma, etc.
Mas não é por isso
que o médium deve desistir de sua sina. Deve-se aprender, estudar, saber o
porque das coisas, jamais deve se garantir apenas na intuição, pois a partir do
momento que está sendo guiado e ensinado não há apenas intuição, mas também
percepção. É de grande relevância saber se os espíritos que traz consigo não
são espíritos enganadores que com seu fascínio e postura de espíritos de luz
trazem a sua destruição.
Desconfie sempre
quando, mesmo seguindo corretamente a doutrina, sua vida não vai bem, acontece
de tudo como polemicas e intrigas.
Lembre-se: Ninguém
aprende apenas pela dor ou pelo amor. Existe uma interação entre ambas nas suas
diferentes variáveis. Por isso quem sofre ama e quem ama sofre. Dentro deste
pressuposto o médium deve desconfiar se está freqüentando o lugar e fazendo as
coisas certas. É necessário conhecer os princípios, os rituais e o porque das
coisas. Se viver no mundo do eu acho, vive então na ignorância dos seus erros e
certamente será alvo de alguém ou algo que o espreita para derruba-lo.
Os perigos não estão
apenas nos espíritos enganadores, larvas e senhores do baixo astral. Os perigos
podem estar com o próprio médium. Sua ignorância é uma delas. O fato de não
poder enxergar com os olhos comuns leva-o a imaginação e a fantasias. Desta
maneira inventam e misturam conceitos e, sem ao menos perceberem, acabam
achando que podem tudo, inclusive incorporar Jesus Cristo.
A mediunidade é algo
incrível. Deve-se ter a consciência de sua importância, inclusive no meio
científico. Hoje colegas biólogos físicos e químicos, espíritas e não
espíritas, estudam o fenômeno mediúnico com grande interesse e alertam a
comunidade espírita dos perigos que envolvem ao usar a mediunidade como
ferramenta de seu próprio interesse e argumentam que um dos maiores perigos que
o médium pode enfrentar é ele mesmo, sua própria ignorância e seu despreparo.
Ao agir de forma
ínfima pode atrair consigo infinidades de coisas que o levam à destruição do
espírito e das pessoas ao seu redor. Por essa razão o médium deve ter
consigo que é preciso preocupar-se em como e o que se precisa fazer para não
enveredar no caminho de sua própria destruição.
A mediunidade é a
oportunidade que temos de poder entrar em contato com seres evoluídos em
sabedoria, por isso é preciso não deturpar essa dádiva que é dado as pessoas
que servem de veículo para a comunicação com essas entidades. As transmissões
desses conhecimentos não podem ser modificadas por falsos médiuns e nem
alterados por médiuns que sem saber ou não, por despreparo ou não, alteram
a mensagem enviada por esses seres.
Vincular o uso da
mediunidade as coisas de si próprio, mistifica um dos mais preciosos dons que a
magia nos tornou possível de aprender. Ao enveredar pelo caminho da
mediunidade conheça seus perigos e principalmente as armadilhas preparadas
para aqueles que desprezam o verdadeiro conhecimento da magia e fazem aquilo
que mais os aprouver.
Por João Coutinho
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